Europa

França

França – o reencontro e a impressão de que Paris nunca mais será a mesma

Aeroporto Charles de Gaulle! Estávamos chegando a Paris para, enfim, encontrar nossas mães. Era pouco antes da uma da tarde e queríamos ir o mais rápido possível para o hotel para almoçar com elas. A tarefa de andar todo o aeroporto, pegar as malas e sair em direção à cidade foi interminável, mas, finalmente, chegamos! 

Já na recepção, encontramos minha mãe. Com um abraço demorado e apertado nos levou até o quarto delas para vermos a mãe da Du, Sandra. Que felicidade! Nenhum rosto é mais familiar do que o da própria mãe! Estávamos no meio da aventura, dando uma bela pausa com nossas mães e, como não poderia deixar de ser, com nossas sogras! Maldosamente apelidada pela família de Jararaca’s Trip, essa parte da viagem prometia!
Fomos almoçar pela própria redondeza do hotel, o mais rápido possível, pois a fome era negra. Começamos, então, a ouvir as histórias das duas pelas ruas de Paris. Pareciam inacabáveis! Iremos contando essas peripécias pelos diários da Europa que vêm pela frente.  

Um dos primeiros episódios foi um arranca-rabo com o pessoal do hotel que, por sinal, deixava muito a desejar no atendimento. Os malas do hotel não estavam nem aí pra satisfação da freguesia e, simplesmente, queriam empurrar pra frente e se livrar de eventuais problemas. Seguindo a grata sugestão de um taxista, elas passaram em um supermercado próximo para fazer umas compras básicas: iogurtes, pães, queijos, manteiga, sucos... Prática habitual do viajante, a idéia era fazer uma ou outra refeição no hotel para salvar alguns Euros. Chegando ao hotel, com as sacolas das compras... 

Lia: Sandra! (Aliás, certamente palavra mais pronunciada na Europa ultimamente) Não tem frigobar! 

Sandra: como assim?! E agora?! Bem que eu reparei que o pessoal nos olhou estranho quando entramos com as sacolas no hotel... 

Lia: vou lá embaixo! 

Com o recepcionista, ambos improvisando um inglês: 

- Ai uante frigobar!

- Déris no frigobar...

- Ai uante tu tchange rum!

- Déris no frigobar in au de rums ófe hotel...

De volta em cima: 

Lia: Sandra! Não tem frigobar no hotel! O que vamos fazer? 

Solução: mandaram para dentro, de uma vez só, vários iogurtes, alguns queijos, pães com manteiga e mais os sucos! 

Após o requintado evento gastronômico, foi a vez do ar condicionado parar... Ele ligava por pouco tempo e depois desligava. Elas tornavam a ligá-lo, mas ele insistia novamente em parar. Minha mãe resolveu ligar pra recepção e o mesmo mala da questão do frigobar atendeu: 

- La climatización... Como é que é mesmo Sandra?!.. Nê márche pá! (Uma arrojada estratégia de falar o idioma do inimigo, de maneira a intimidá-lo) 

Assim, ela conseguiu fazer o figura ir ao quarto delas. Com o ar condicionado já desligado, foi fácil para ele fazê-lo novamente funcionar. E cadê a fluência no francês pra explicar que, depois de um tempo, o ar provavelmente voltaria a parar?  

O gente boa foi embora do quarto. Minutos depois, já tarde da noite, o ar, obviamente, parou! 

Minha mãe liga de novo pra recepção, já irritada, e, dessa vez, usa uma nova e (bem) ofensiva estratégia de misturar idiomas para confundir o adversário: 

- Ô, seu merdinha, a porcaria da climatización nê márche pá

- Plise, madam, espique inglix...

Mais uma vez o ar condicionado foi colocado pra funcionar provisoriamente, e as jararacas tiveram que contentar-se em dormir menos enroladas que o normal pra fugir do calor parisiense. 

Saímos para nossa única noite em Paris juntos, pois já na manhã seguinte sairíamos para a Bélgica de carro. Fomos ao agradável jardim de Luxemburgo e jantamos por ali. Ouvimos mais algumas histórias boas, como a do beiço no cafezinho na Champs-Élysées...

Lia: Sandra! Tenho que ticar um item da lista! Tenho que tomar um café na Champs-Élysées!

Sandra: vamos então! 

Chegando lá, o café era ruim e foi muito mal servido, pra variar, por um garçom pouco atencioso. Realmente as jararacas não estavam dando sorte com os parisienses. Depois de tomar o café de qualidade duvidosa, ficaram tentando pedir insistentemente a conta. Nada de aparecer alguém. Depois de algum tempo... 

Sandra: ah, Lia! Vamos embora daqui! Esse café não tá valendo nada mesmo! 

Lia: Saaandra! Você consegue? Meu Deus! Vamos sair correndo?! 

Não deu outra! Olharam uma para a outra e saíram correndo! Menos de um segundo depois estavam nervosas, no fundo de uma loja. 

Lia: Sandra! Me senti assaltando o Banco do Brasil... Fiquei nervosa! Agora... Como é que você me chama pra dar o beiço com essa blusa estampada e com esses óculos?! Podia, pelo menos, ter tirado os óculos! 

Gargalhadas geral!  

Adiantando a informação, e aproveitando pra fazer uma propaganda do próximo diário de bordo, convido a todos a aguardar, com grande expectativa, os vídeos que fizemos na Bélgica das duas jararacas contando pessoalmente essas e outras histórias de, literalmente, chorar de rir. 

Acordamos no dia seguinte e pegamos o nosso carro, o Pezinho, um super presente do meu pai, para a primeira estrada européia. O GPS rodoviário fez o seu papel e mostrou-se indispensável. Ninguém discutia a rota com ele! 

Saímos ainda pela manhã da França e cruzamos para a Bélgica. Nosso destino era a capital, Bruxelas, e o clima da viagem deixou claro que o tempo que passaríamos com elas ia ser muito mais curto do que gostaríamos. Então, vamos aproveitar!