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A Caminho dos Andes - Argentina

A glória de viajar está, do meu ponto de vista, em deparar-se com cenários novos e diferentes culturas. A sensação de conhecer algo novo nos faz sentir vivos. Porém, a região da Argentina que conhecemos nesta etapa deixou claro que o cenário diverso traz consigo um custo climático para quem não está acostumado. Não é fácil sair do nível do mar e dos 80% de umidade relativa para as grandes altitudes, frias e secas.

Começamos essa etapa da viagem entrando na Argentina por Foz do Iguaçu. Passamos pela fronteira sem problemas e seguimos rodeando o Paraguai. Cruzamos algumas paisagens diferentes, mas nada de muito impressionante. Pelo menos se comparado ao que viria à frente. Dormimos na cidade de Resistência, província de Corrientes. Uma pequena cidade, porém razoavelmente desenvolvida. Chegamos num domingo e as ruas estavam completamente vazias. Saímos no dia seguinte em direção a Salta, com objetivo de pernoitar no caminho. Após infinitas retas, infinitas mesmo, tipo 500km, chegamos em uma cidade, ou quase uma cidade, chamada Morro Quemado. Ficamos hospedados no “Hotel Comedor”. Quem não souber e quiser entender o que significa que apele para o dicionário! Um hotel simples, aliás, muito simples. E, como quase sempre, a simplicidade trouxe a hospitalidade. Com direito a conversas políticas, obviamente falando mal do casal K e de Hugo Cháves, e um excelente jantar à luz de poste, junto com nosso Pezão...

Partimos bem cedo em direção a Salta e chegamos pouco depois do almoço. Fomos direto atrás de um camping. Achamos um camping municipal, o único da cidade, e... pipocamos!! Muito mafuá e muita chuva. Como somos ainda pouco experientes na arte de acampar, assimilamos o prejú e fomos pro hotel. Por sinal muito acolhedor, inclusive com um brasileiro trabalhando por lá, o David, que nos ajudou às pampas! A cidade de Salta é bem estruturada. Nossa idéia inicial era fazer o passeio no Tren a Las Nubes, porém obtivemos a informação de que nessa época do ano o passeio fica suspenso em razão das chuvas. Então, no dia seguinte, aproveitamos para fazer o primeiro pedal e visitar um bairro afastado, chamado San Lorenzo. Na ida, tortura, subida; na volta, só alegria. Valeu pelo primeiro contato com as magrelas!

Partimos no dia seguinte em direção à fronteira Chilena. Começou realmente a subida dos Andes! Saímos com intuito de dormir no caminho em uma cidade chamada Susques. Já no início do percurso paramos em Purmamarca. Começamos então a perceber o fantástico cenário que teríamos à frente! Entrando em Purmamarca você dá uma volta pelo “Cerro de Siete Colores”. Deslumbrante! Vale dar uma olhada com calma nas fotos! Achei que a Du fosse ter um colapso! Foram umas quinhentas fotos em duas horas! Com direito a arco-íris nas nuvens e tudo mais... Excelente!

Seguimos “coqueando” e subindo! Conhecemos nossa primeira salina: “Salinas Grandes”, no caminho para Susques. Mais fotos espetaculares! Após a salina, temporal! Incrível! Pequenos tornados formados pela chuva e pelo vento e raios mil faziam o cenário ficar tenebroso! Por sorte o campo aberto fez com que a chuva passasse rapidamente e lá fomos nós acompanhados pelo sol. Chegamos em Susques no final do dia. Mais uma micro cidade! Os hotéis mais estruturados estavam cheios, então fomos para um hotel bem pequeno, do tipo que não está acostumado a receber turistas, e sim caminhoneiros. Mais do que a barreira da língua, a dificuldade de comunicação foi o acanhamento do pessoal do hotel. Nos olhavam, incluindo o Pezão, como “ETs”. Nessa noite a altitude cobrou um certo preço. Ficamos a 3600m, com muita dor de cabeça e a Du com muito enjoo. A Du ficou tão mal que virou atração no jantar, com direito a visitas na nossa mesa para ver “a gringa que está morrendo...”! Como diria meu amigo Giba: primeiro ela perdeu o som, depois perdeu o som e a imagem!

Saímos de Susques para cruzar a fronteira e ir para San Pedro de Atacama, Chile. Passamos por ambas as imigrações sem problemas. Em relação ao cenário, indescritível! Somente vendo as fotos!! Pena que tivemos que ir meio rápido porque estávamos doidos para descer. Fomos até 4900 metros! Até o Pezão sentiu os males da altitude e perdeu potência... Minha cabeça parecia que ia explodir! Nem mascar coca adiantou. Ficamos aliviados com o início da descida e desembarque em San Pedro, que fica a 2500m. Cruzamos os Andes! A Argentina ficou para trás... E nós vamos em frente!

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